A intenção desse artigo é apenas para ilustrar através de eventos reais como uma crença-como-ensinamento tem força e atua dentro da sociedade e, não com a intenção de qualificar algo como melhor ou pior, certo ou errado.
Na copa de 2014 o mundo parou para ver um povo que festejou e após comemorar, confraternizar e se divertir muito, sacou de suas bolsas, bolsos, mochilas... sacos de lixo e permaneceram por mais um tempo no estádio até terminarem de recolher todo o lixo que produziram.
Bom... eu não vi nenhuma autoridade desses estrangeiros no local dando essa ordem, não vi ameaça de multas ou punições. Eu vi uma única consciência em ação.
Mas eles, os japoneses, seguem o ensinamento budista, onde não foram ensinados a respeito da crucificação, mas sim, sobre compaixão. O ensinamento cristão nos ensina desde a tenra idade sobre a crucificação e como um único ser foi responsável pela salvação de todos. Como foi responsável pela absolvição de todos os pecados e, ao mesmo tempo, culpado por mostrar com amor os erros, pecados, atrocidades e toda desonestidade existente no homem. A arrogância matou a tonos nós, não somente a Jesus.
Isso se perpetua fortemente até os dias atuais onde, pessoas a todo tempo, se eximem do auto da responsabilidade para buscar um culpado para ser crucificado.
Uma pessoa não assume a responsabilidade atrás do volante de um carro e busca culpar alguém pelo próprio acinte que cometeu. Outra pessoa não assume a responsabilidade em quem votou e como esse candidato tem atuado. Outra pessoa defende a pichação com o pretexto de expressão artística, mas não cede seu muro para estes “artistas”, podendo até valorizar seu imóvel, afinal, não é arte?
O quanto de responsabilidade você realmente assume em sua vida? O quanto é mais fácil passa-la para alguém e, caso não dê certo, posso crucifica-lo e me eximir de qualquer culpa? Seria mais fácil ter alguém para dividir um erro pela falta da responsabilidade pessoal? Seria mais fácil eleger uma pessoa para resolver todos os problemas que a falta de responsabilidade de todos aqueles que vivem naquela cidade, estado, país contribuem constantemente para criar?
Basta observarmos um pouco e iremos ver uma nação inteira vivendo e revivendo o mito cristão. Sempre em busca de um salvador e de alguém para crucificar.
Acompanhem a trajetória do juiz Sergio Moro e verão que ele início como um salvador, mas muito provavelmente irá terminar crucificado.
Enquanto houverem crenças que criam a necessidade de um salvador e alguém para ser crucificado, a responsabilidade pessoal irá permanecer como está, na velocidade de uma lesma. Em cada ação nossa existe ao menos uma crença por trás movimento, seja está uma ação honesta ou desonesta.
Não cabe discutir religião aqui e este não é nem de longe o foco! Jesus fez o que tinha que fazer e assumiu responsabilidade por isso. E nós, o que estamos fazendo?
Vamos falar um pouco de crenças?
Falar sobre crenças não é uma tarefa muito fácil, pois ao falar delas é preciso se ter certo cuidado para não cometer erros de julgamentos ou criar uma crença sobre a crença.
Pense por alguns instantes quais foram os fatores que motivaram você na escolha da sua profissão, por exemplo. Então, você escolheu ser um advogado e diz: eu queria fazer justiça, advogados são pessoas bem-sucedidas, as pessoas respeitam advogados, sempre achei bonito a postura e forma de se vestir dos advogados, alguém precisa aplicar a lei, não gosto de injustiças....
Não importa o que você diga, verifique atentamente e verá que toda justificativa, na verdade, é uma crença. Mas, o quanto esta crença está realmente alinhada com a vivencia que você está tendo no exercício da profissão?
Então você pode dizer: bom... as coisas nem sempre são como imaginamos, isso tudo foram apenas idealizações de um jovem, no mundo real as coisas são diferentes...
Então vem você novamente com outro conjunto de crenças para justificar o desalinhamento entre o que você pensa acreditar e a real experiência que você vem tendo. Uma nova camada foi adicionada com uma única intenção, proteger a verdadeira crença que iniciou todo esse movimento e faz você permanecer até hoje nessa profissão fazendo as coisas da forma como faz. Algumas pessoas conseguem encontrar o prazer que a real crença.
Publicado em: 18 de setembro de 2017